Hoje, dia 7 de outubro, é comemorado o Dia do Compositor Brasileiro. Em um meio repleto de nomes de destaque, queremos prestar uma homenagem especial às pessoas que criam canções — em especial, aos que deram vida aos hinos dos times da nossa região.
Dentro das quatro linhas, a raça e o suor; fora delas, a voz e o canto. O compositor traz a glória de um hino ao esporte, o amor pelo time, a beleza da letra. Na cidade de Salto, o hino da Saltense carrega simbolismo e garra. O ex-diretor da Saltense e do Conservatório Municipal, Antônio Oirmes Ferrari, reforça a união entre música, futebol e cultura:
“Os hinos dos clubes locais, quando estes estiveram nas quatro linhas do futebol, ficaram marcados pelo amor do torcedor, uma paixão extraordinária dentro dos estádios superlotados, com a união de pessoas de todas as classes em torno das cores de sua equipe. Vencendo galhardamente ou mesmo com resultados adversos, essa paixão irresistível é a testemunha do amor incondicional. É a chama desse esporte maravilhoso, o futebol”
A citação se encaixa perfeitamente com o hino da “Gloriosa” — apelido da Saltense —, que foi escrito pela poeta Aurora Duarte (irmã do famoso cineasta Anselmo Duarte, nascido em Salto) e composto pelo saudoso maestro Chiquito Belcufiné, da Banda União dos Artistas.
Você pode ouvir o hino neste link: https://youtu.be/mz6Rzjmggik
“Esse hino nasceu quando a A.A. Saltense sagrou-se campeã da 3ª Divisão de Futebol Profissional do Estado. Foi uma grande festa — os inesquecíveis jogadores locais desfilaram em carro aberto, recebendo aplausos da querida Salto”, destaca Antônio Ferrari.
Salto conta ainda com outra história interessante em seus hinos: o grande rival da Saltense, o Guarani, transmite um sentimento oposto em sua música.
Se a Gloriosa exalta a paixão pelo time, o hino do Bugre — apelido do Guarani — convoca seu torcedor para a batalha. É um verdadeiro grito de guerra, que intimidava adversários e servia como combustível para uma torcida que inflamava as arquibancadas.
Ouça o hino pelo link: https://youtu.be/7nwo6CaPWGw
“Sem dúvida, os hinos dos clubes de futebol unem os torcedores numa paixão irresistível. Desde criança, ao aprender as primeiras letras, esta já torcedora assimila o cantar do hino de seu clube, até chegar à idade adulta. É uma paixão maravilhosa, que ultrapassa os anos de história. Simplesmente, fantástica!”, completa Antônio Ferrari, um verdadeiro exaltador do futebol saltense.
Vermelho e preto são as cores que abraçam outro clube da região: o Ituano. Seu hino se destaca pelo uso da rima e da pronúncia — elementos que Carlos Roberto de Jesus Polastro, autor da letra, utilizou para criar uma canção única, fácil de cantar e perfeita para ser entoada com força pela torcida do Galo de Itu.
Ouça o hino do Ituano aqui: https://youtu.be/JL8DzmOnkRY
O hino do Ituano une poesia e futebol em uma só canção. Já o maestro e compositor Carlos Santorelli é referência quando o assunto é a criação de hinos — ele já compôs mais de 140 canções. O músico se dedica à elaboração de hinos para equipes de menor expressão do futebol nacional, que posteriormente podem se tornar oficiais. Segundo ele, a música e o futebol são inseparáveis:
“A música é um elemento essencial em todos os momentos da vida humana, e no futebol não é diferente. A torcida utiliza a música para expressar sua alegria e seu amor pelo clube do coração. Portanto, a relação do futebol com a música é de total complemento.”
Santorelli compôs, por exemplo, uma versão do hino do Desportivo Brasil, de Porto Feliz, que ainda não é oficial. Você pode ouvi-la neste link: https://youtu.be/emdaBKnSnvo
Para começar a explorar o caminho da criação de um hino, é preciso muita pesquisa e atenção aos detalhes. Um hino carrega consigo a responsabilidade de representar uma cidade e uma equipe. Sobre o processo de criação, Santorelli explica:
“Depois de me certificar de que se trata realmente de um clube profissional de futebol, procuro ler sobre sua história, buscando dados que possam me oferecer elementos para desenvolver a composição — como as cores da agremiação, algum jargão da torcida, mascote, data de fundação, local de origem, etc.”
Santorelli mostra como é possível expressar em palavras o carinho que o torcedor sente pelo seu clube. Muitos hinos da nossa região evidenciam a garra e a paixão usando melodias e cantos como ponte entre clube e torcida.
O futebol é mágico — e a música continua sendo seu combustível. Uma coisa é certa: dentro ou fora das quatro linhas, é nos acordes que a torcida traduz o sentimento que pulsa e vive. Nos gritos que deixam a voz rouca, nas festas após o gol e no amor pelo esporte.
O futebol do interior vive — e sempre viverá. E as pessoas que tornam isso possível merecem toda a nossa homenagem.
Reportagem do Estagiário Óliver Franzon